Só te deixei estar

Podia-te chamar de amor, mas chamo-te enredo silencioso. A teia que teces sem querer, afasta-me de receio em assistir a uma novela que me machuca a aorta. Deixas-te envolver por quem te afasta de ti e não pretendo sentir novamente a rejeição que elaboraste para eu te perder.
Podia-te chamar de vida mas chamo-te demónio em tons de preto e pele espalida. Pálido te encontras, apesar de sábio nos teus espaldares de vida que teimas em denegrir a teu desfavor. És demónio, eu sou demónio. Poderíamos ter a cura juntos mas optaste por ser a doença que nos sucumbe às rédeas do inferno que, a meu parecer, adoras e quase adornas de forma pseudo humilde. Pretendo ganhar asas mais gentis e não tenciono ganhar-te mas ganhar-me a mim.
Podia-te chamar carinho mas chamo-te herege de amizades contrafeitas. Continuas nesse parecer benevolente a minar a tua história com essa miséria que acreditas ser bondade a dar aos outros sonhos para não te sonhares a ti.
Podia-te chamar de meu prazer mas chamo-te como alguém que já nem quero chamar porque assim decidiu não ter nome constante a sair da minha boca.

Estou convencida que não te apaguei, mas só te deixei estar onde te colocaste.

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